OS ÍNDIOS...

São Luís do Maranhão. Manhã de agosto.

O ano é mil seiscentos e vinte e um.

A índia banha nua e lava o rosto

O vento estala a palha do tucum...

Não há qualquer requinte e o prato posto

Na cuia de cujuba é o guaiamum;

E o índio o saboreia e sente o gosto

E ri e é tão feliz e é tão comum!...

Um bando de guarás revoa o mangue

Vermelhos, bem vermelhos, cor de sangue,

E o vento em vendaval sopra do mar...

A índia lava os seios e, tranquila,

Aguarda o esposo, o índio, a segui-la;

E os dois, livres no tempo, vão se amar...

Arão Filho

São Luís do Maranhão, 14 de janeiro de 2015