Solidão da noite
É imensa minha dor quando anoitece;
Quando se vai o sol, se vai meu riso.
E para ser ainda mais preciso,
Meu riso é o sol que ao oceano desce.
A minha vida inteira se escurece
E à cor da Solidão fico indiviso.
Se eu penso nesses deuses, profetizo
Que nem um deles me ouvirá a prece.
É noite no meu quarto, é escuridão.
Às vezes eu me embrulho no colchão
E finjo ser defunto e estar cremado.
Mas logo ponho os olhos a vagar,
Com a boca friamente a bocejar,
E a Solidão se deita do meu lado.