MEDO
Cai a noite e a borboleta sente medo
de que as flores, devoradas pelo escuro,
não mais vicem no quintal de manhã cedo
e o jardim não tenha o pólen farto e puro...
Junta as asas, escondida no folhedo,
tão quieta, tão imóvel, sem futuro,
esquecida do casulo, o tempo quedo,
da lagarta a rastejar seu corpo impuro.
Nesse medo adormeceu por todo o inverno,
sem noção de estar rodeada por milhares
de monarcas que chegaram depois dela.
Mas um dia chega ao fim o ciclo hiberno...
Multidão, em piruetas pelos ares:
– Um jardim de borboletas sem cautela.
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