CAVALOS NÃO VOAM

De que adiantam asas grandes, fortes

cedidas por estímulos da crença

num límpido futuro de áureas sortes

fartíssimas de paz e benquerença,

se no primeiro agito, tentativa

de voo entregue ao vento em suas penas

o céu se fecha, leva a perspectiva

e tudo então que resta é medo apenas?

Os dias em que insisto esperançoso

e cismo de tentar voejar gostoso,

sinistros, me anunciam novas curras.

Que inúteis estas asas de que falo,

pois não é dado o adejo a vil cavalo

com selas e cabrestos, rédeas, surras.