AVES SANGUINÁRIAS

Abutres sobrevoam, famulentos

Meu corpo lacerado, agonizante

Recendem desengano os ferimentos

Da vida sou despido a cada instante

Entregue, nem profiro mais lamentos

Somente é do estertor o som reinante

Não saboreio méis, alumbramentos

O cheiro do abandono é sufocante

Lamúrias tenho tantas... Ah, são várias!

Têm pressa aquelas aves sanguinárias

Está sacramentada a dura sorte

Verdades reprimidas vão comigo

Tu vais te arrepender desse castigo

Que me infligiste... Dou-te minha morte!