O jardim

Se, a noite que me descia, luminosa

não me tivesse trazido o desencanto

de ver em mãos alheias minhas rosas,

eu não choraria assim esses meus cantos.

Se eu não tivesse, com dor, reconhecido

minhas flores revolvidas no jardim

talvez agora ainda tivesse como abrigo

esse rosto de eternidade em mim.

Mas minha luz foi encarcerada,

em página de metal, à luz de nada

e fitaram meus olhos os bosques do vazio.

E sob as tristes árvores da melancolia

tremulam lembranças do jardim em que vivia

e no coração, somente estas folhas de rocio.

Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 31/05/2007
Reeditado em 03/06/2011
Código do texto: T508885
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