O jardim
Se, a noite que me descia, luminosa
não me tivesse trazido o desencanto
de ver em mãos alheias minhas rosas,
eu não choraria assim esses meus cantos.
Se eu não tivesse, com dor, reconhecido
minhas flores revolvidas no jardim
talvez agora ainda tivesse como abrigo
esse rosto de eternidade em mim.
Mas minha luz foi encarcerada,
em página de metal, à luz de nada
e fitaram meus olhos os bosques do vazio.
E sob as tristes árvores da melancolia
tremulam lembranças do jardim em que vivia
e no coração, somente estas folhas de rocio.