Reviravolta
Eis o meu segredo: eu sou imortal.
E se ao leito soluço à revelia
E me entrevo em paredes de agonia,
Nada é além de um arroto imoral.
Sim, fui maculado por amor letal
E amei-o! Ah, amei-o à minha mania...
Amor com dor de noite e dor de dia;
Peito forte que bateu sem ter igual.
Foi então que duvidei do meu segredo,
Pois, de súbito, acometeu-me um medo:
Vai que a morte é implacável assaz?
E foi assim que, do susto, o pranto veio
E estremeceu-me o brio, pôs devaneio
Na terra onde habitam os imortais.