SONETO DA LEMBRANÇA MORTAL
Co’ a passagem do autor do meu destino
‘Quase’ sepulto a doce inspiração
Pela dor profanei minha oração
Ao lembrar seu sorriso de menino
Ao velar aquele corpo franzino
Em pranto angustiado apertei sua mão
Quisera fosse somente ilusão
O velório, o cortejo, aquele hino...
Seu último olhar me vem num lampejo
Revê-lo nesse instante. Eis meu desejo
Já nem sei se é alento ou agonia...
Só sei que no momento não sou nada
Desde aquele acidente numa estrada
Que através de um sonho eu antevia.
Madalena de Jesus