O MEU QUARTO
Mesmo que, no meu quarto, o frio impere
E a porta se abra à custa de meu fado,
Tenho as paredes como amigas, dado
O meu convívio à solidão que fere.
E se me vejo só, fugaz e célere,
Meus pertences e cama lado a lado,
Os afagos e beijos, meu passado,
Meu presente e porvir, tudo difere.
Mais um rangido... à porta entreaberta
Surge em passos suáveis - e eu desperto -
Alguém me oferecendo uma coberta.
E beijo suas mãos dóceis e parto
E minha mãe que ora por mim, decerto,
Deixa pra minha volta, pronto, o quarto.