AMPULHETA
Qual um punhado de farelo de centeio
o tempo escorre fino pelos vãos dos dedos
e não há como desvendarmos o segredo
- se existisse -, para colocar-lhe um freio
O vento sopra mesmo e, sem nenhum receio,
espalha o pó dos grãos do tempo e os seus medos
são semeados junto aos enganos ledos
em solo vasto e produtivo - e alheios
À essa trama, ao desperdício, aos desenganos,
andamos todos , insensíveis, sub-humanos
tentando refrear a areia da ampulheta
Para ganhar grãozinhos dessas horas úteis
depois gastá-las com assuntos bobos, fúteis
enquanto o que de fato importa, obsoleta -
AMPULHETA - Lena Ferreira - dez.14