VÃO
Dá preguiça lembrar do passado
e o futuro franzino se embaça;
o presente esticado, parado
neste quarto sombrio, sem graça.
Tanto faz, eu já nem diferenço
o vibrante e o enfadonho da vida;
a beleza e a feiura condenso
numa bolha de nada, esvaída.
Existir esperando o seguinte
respirar, o minuto, o segundo,
sem anseios e crenças e brio...
Dos trovões de silêncios ouvinte,
sigo assim, atolado no mundo,
me afogando em pesado vazio.