VÃO

Dá preguiça lembrar do passado

e o futuro franzino se embaça;

o presente esticado, parado

neste quarto sombrio, sem graça.

Tanto faz, eu já nem diferenço

o vibrante e o enfadonho da vida;

a beleza e a feiura condenso

numa bolha de nada, esvaída.

Existir esperando o seguinte

respirar, o minuto, o segundo,

sem anseios e crenças e brio...

Dos trovões de silêncios ouvinte,

sigo assim, atolado no mundo,

me afogando em pesado vazio.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 19/12/2014
Reeditado em 19/12/2014
Código do texto: T5074700
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