Crepúsculo

No fim da tarde a luz lamenta a feira

De cores, o corcel de nuvens francas

Que esticava o sentido da paz manca,

Debatendo-se, frio, e sem primeira

Voz. Sei que existe um traço de roseira

Nestes teus sentimentos, calma branca

Da lua que já sobe, estas tuas ancas

Improváveis, teu fogo, tua poeira

De sorriso, gravada em letra nula

Sobre o elmo que afunda esta cabeça.

O tempo, o orvalho, o transe, tudo pula

Na memória do cheiro, sem que meça

O sonido do sonho, o cais da gula

E esta tarde onde falta alguma peça.

Heitor de Lima
Enviado por Heitor de Lima em 17/12/2014
Reeditado em 18/12/2014
Código do texto: T5073121
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