Soneto à Não Existência.
Atormenta-me a existência doída
Que por inexistência clama ao nada
Constrange a flor assim despedaçada
Que, sem pudor, é covardemente moída.
Se não fosse jogada a sorte,
A possibilidade de existir ou não nascer
A escolha de não existir seria mais forte
Pois a ausência nos levaria a não sofrer.
Se o sofrimento leva ao aprendizado,
Que como um feitiço nos aprisiona
Que seja ignorante o pobre coitado.
Se por desamor sofre a alma
Na mão do impiedoso destino,
Não seja a flor vitima deste desatino.