Soneto
Desfolham da fratura alguns pilares.
E, aberto, tudo cai e tudo mente
Quando o cheiro do sangue que é ausente
Vacila sobre o vulto dos pesares
Lacustres que emudeço. São colares
De chumbo, são meus livros, esta lente
Imprópria que mereço. Não há frente
Nos silêncios constritos: Outros ares
Se descobrem, não crescem. É dispersa
Toda música, bolha, todo acorde
Afiado, toda língua solta imersa
No extrato de agonia que se agita.
Tudo cai, desmembrado. O espaço morde
a sombra que se esvai enquanto grita.