Soneto

Desfolham da fratura alguns pilares.

E, aberto, tudo cai e tudo mente

Quando o cheiro do sangue que é ausente

Vacila sobre o vulto dos pesares

Lacustres que emudeço. São colares

De chumbo, são meus livros, esta lente

Imprópria que mereço. Não há frente

Nos silêncios constritos: Outros ares

Se descobrem, não crescem. É dispersa

Toda música, bolha, todo acorde

Afiado, toda língua solta imersa

No extrato de agonia que se agita.

Tudo cai, desmembrado. O espaço morde

a sombra que se esvai enquanto grita.

Heitor de Lima
Enviado por Heitor de Lima em 13/12/2014
Reeditado em 15/12/2014
Código do texto: T5068519
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