VERSINHOS EM DESALENTO
Se morreu-nos o brilho... O encanto
A ternura dos gestos, o alumbramento.
Se morreu-nos à face o contentamento
E aos olhos brotou-nos o pranto.
Se morrido a candura... E o espanto
Nos vier por moção ou desdobramento.
Se morrido na alma o sentimento
Ou a alma mostrar-se em desencanto.
Seremos, se muito, a ilusão perdida
Do que imaginávamos ser por toda vida
... E que gradativamente acabou.
Ou não mais que a amarga lembrança
De um tempo feliz... - Em bonança -
... E que definitivamente passou!
Puetalóide
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A MORTE DE UM AMOR
Noite escura, ao longe o mocho piava,
Um vento doído como um martelo,
Fazia um som grave, um violoncelo,
Que por entre as lápides ressoava.
Sobre a sepultura, ele me aguardava,
Rosto pálido, lúgubre e singelo,
Seu feral olhar tinha algo de belo,
Sabia tudo de mim... e me olhava.
Então tudo deixei naquele chão,
Sonhos e poemas que eram só dela,
Então disse, coração na mão...
"Oh! anjo tão triste, porque aqui velas?"
"Meu amigo sou a desilusão,
Guardo o túmulo do amor teu... por ela!
Marcos Mollica
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"Punhal"
E quando o encanto termina,
São jardins de secas flores
Que ocupam as nossas dores,
Feito pensameto de menina.
Encontrar outro amor, talvez!
Na candura da Fé e esperança,
Nas águas puras da bonança,
Ânsia de vômito que desfez.
O amor fica n'alma sentida,
Quero mandar tudo às favas,
Feito flor mais ressequida.
E todo amor quando findado,
Finca um punhal encravado,
Apunhalando a própria Vida.
Tony Bahia
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ÉS MEU ALENTO
Embora digas, acabou-se o encanto.
Embora não se sinta mais a mesma ternura.
E ainda, embora não queiras acreditar, há pranto,
porque nem mesmo tu acreditas na loucura
de que tudo acabou... Ainda há chamas sim!
Basta um sopro e se reascenderão porque vivas.
Não há de morrer por tão pouco o amor que ativas
cada vez que me dizes, ter morrido enfim...
Jamais perdeu-se o encanto. Talvez a ilusão
de que era eterno e se desfez em fantasia
ou talvez porque mais forte foi a terna emoção
de que havia algo tão sublime a mais
descrito um tempo feliz que em nós existia
e que não há de acabar jamais... juro, jamais!...
Simplesmente Romântica