Ressuscita o que já estava agônico
Antero de Quental ora me abraça
Quando canta seu amor platônico
"Só voa na asa negra da desgraça"
Sua paixão longe, astro acrônico.
Miragem, a entrevejo é uma graça
Da boca me some o gosto tânico
De pronto eu me livro da mordaça
Aproximo evito demonstrar pânico.
Os meus lábios então, os seus caça
Almeja a delícia do toque hedônico
Isso acalentava, meu olho embaça
Me invade um terno calor vulcânico
Enche de alegria a minha carcaça
E ressuscita o que já estava agônico.