Ressuscita o que já estava agônico

Antero de Quental ora me abraça

Quando canta seu amor platônico

"Só voa na asa negra da desgraça"

Sua paixão longe, astro acrônico.

Miragem, a entrevejo é uma graça

Da boca me some o gosto tânico

De pronto eu me livro da mordaça

Aproximo evito demonstrar pânico.

Os meus lábios então, os seus caça

Almeja a delícia do toque hedônico

Isso acalentava, meu olho embaça

Me invade um terno calor vulcânico

Enche de alegria a minha carcaça

E ressuscita o que já estava agônico.

Wilmar Guimarães
Enviado por Wilmar Guimarães em 07/12/2014
Reeditado em 08/12/2014
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