Em frente ao cemitério


São três da madrugada. Estou sentado
Na frente do portão do cemitério.
Cigarro sempre aceso. Inda lacrado,
Mais um Montilla aguarda-me. Coitado!

Eu penso asneiras... Penso assunto sério...
Penso nas sombras mortas do passado...
Dou mais um trago... Ó Lua, e esse mistério
Que em pó converte todo o humano império?!

Tento cardar, debalde, a negra trança
Que o fado, infrene, sobre todos lança...
Tudo p'ra mim se mostra estrada louca!...

O cemitério talvez seja a prova
De que o absurdo sempre se renova
Com escancarada e assustadora boca.
Firmínio dos Hades
Enviado por Firmínio dos Hades em 07/12/2014
Reeditado em 10/06/2017
Código do texto: T5061880
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