Em frente ao cemitério
São três da madrugada. Estou sentado
Na frente do portão do cemitério.
Cigarro sempre aceso. Inda lacrado,
Mais um Montilla aguarda-me. Coitado!
Eu penso asneiras... Penso assunto sério...
Penso nas sombras mortas do passado...
Dou mais um trago... Ó Lua, e esse mistério
Que em pó converte todo o humano império?!
Tento cardar, debalde, a negra trança
Que o fado, infrene, sobre todos lança...
Tudo p'ra mim se mostra estrada louca!...
O cemitério talvez seja a prova
De que o absurdo sempre se renova
Com escancarada e assustadora boca.