ESCONDO DO MUNDO A MINHA ALMA

A madrugada se arrasta, hora alta,

o latido de um cão corta o silêncio,

o que a noite nos traz é um compêndio,

momentaneamente, algo de falta.

As criaturas se escondem sob as trevas

e eu escondo do mundo a minha alma,

a madrugada continua branda e calma.

Desta vida, meu amigo, nada levas;

o que disserem de mim não se convença,

carrego esta matéria que apodrece

a cada hora que passa e desconhece

esta dor que não encontra recompensa;

não perturbem esta alma que estremece

até com o som inexistente de quem pensa.

Enzo Carlo Barrocco
Enviado por Enzo Carlo Barrocco em 03/12/2014
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