ESCONDO DO MUNDO A MINHA ALMA
A madrugada se arrasta, hora alta,
o latido de um cão corta o silêncio,
o que a noite nos traz é um compêndio,
momentaneamente, algo de falta.
As criaturas se escondem sob as trevas
e eu escondo do mundo a minha alma,
a madrugada continua branda e calma.
Desta vida, meu amigo, nada levas;
o que disserem de mim não se convença,
carrego esta matéria que apodrece
a cada hora que passa e desconhece
esta dor que não encontra recompensa;
não perturbem esta alma que estremece
até com o som inexistente de quem pensa.