Sonetilhos ao presságio

I

Um balir de Áries se esvai

Na tua face sublinhada.

Aqui, enquanto o desnível

Carboniza, morrem pétreos

Os desertos angulares,

Segredos de um confidente

Que ora se aguça, de bruço,

Na epiderme. Ora se omite.

O ar fino, fosco, fumaça.

Visão sequiosa, visão

Plural, de intacto menino

Na Antinfância (interrompido).

Eu descalço, tu cal, chão:

Ao rés da fala, não muda.

II

Tu sumiço, me persegue.

Tu dobrado nesta escolta

Exclui a ideia, chorume.

Só o disfarce da agonia

Assiste a carne: Orbital.

O menino não responde,

Gorjeia apenas insultos.

Não se atreve a sentimentos

Próprios, de menino. Luz

Não há, sequer treva... existe

Dor de ser parado, um signo.

Clarividência, sonífero,

Há que resistir ao simples

E esperar pelo presságio.

Heitor de Lima
Enviado por Heitor de Lima em 30/11/2014
Reeditado em 30/11/2014
Código do texto: T5053939
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