TEMPOS DE INCERTEZA E ESCRAVIDÃO
“Qualquer semelhança com os tempos actuais
É pura coincidência!”
A história testemunha, sem contestação,
Pelo que vemos dia a dia e a cada passo,
A prova de que o ser humano é devasso
Nos tempos de incerteza gémeos da ilusão.
Desde o estadista Sólon, ilustre cidadão,
Que à vida da República deu, sem cansaço,
O testemunho do saber e o seu espaço
Banindo desta terra a triste escravidão…
Passando ao lado dos irmãos assassinados,
Porque esses bem tentaram e foram esmagados,
Impôs-se aqui e agora a desumanização
E mais que tudo isso a vil ingratidão.
Dos pratos da balança de cada ser humano
Num deles morará o alfobre da justiça
No outro, quem o sabe, ali mora um tirano
Que anseia uma Nação refeita e submissa.
Ai Sólon, Sólon, porque subtraíste os marcos
À terra livre? Vês? Agora tens os charcos!
Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA