Apagão
Não vejo teu rosto há bastantes dias,
Com o tempo já não me lembro dele,
Nem mais a maciez que tem tua pele,
A memória não me permite ousadias.
Juro que a amnésia não me compele,
Devido não carregar mágoas tardias,
Mesmo lembrando as tuas picardias,
Essa falta de memória talvez as sele.
Se a mente ressente do que o olho vê,
Ao não te ver minha mente se liberta
Do sentido do sofrer que é tão breve.
Por isso é melhor ter a mente aberta,
E se a memória ter duração de neve,
É para a mágoa não ter uma coberta.