DORIDAMENTE
Faleceram todas as dores cá,
Aquelas que se esguicham da ironia
De que um dia a vida se apoderou.
Restou-me costurar os versos meus
Em banho-maria, já que o banho mor,
Foi o desatino de banhar-me
N’águas rasas que os meus sonhos nodou.
Viajo nessas letras de estrebaria
A bordo dos incensos e das mirras
Que deixam rastros da vida de lá,
Que embora falem d’ um eu que chorou
Nessa mesma fonte rente de cor;
Pintam desenhos de colmeia dourada
Que sobejam do mel da voz do ator!