DESENGANO

Das garras da ilusão me fiz cativo
Sorvendo teus melíficos licores
Teu corpo irresistível, teus olores
Fizeram-me um amante possessivo

Calei minha vaidade... Agora vivo
Chorando, inconsolável, tantas dores
Cercado por abismos sedutores
Em vão, para sorrir busco motivo

Imerso estou no mar das agonias
Ruíram lindos sonhos, fantasias
Invade-me o semblante um vil desdouro

Parece não ter fim o sofrimento
Do meu irreprimível desalento
Ferido, o coração é vertedouro