Fuga

Ó porque foges de mim, amada minha!

Não sou mais o teu poeta trovador?

Já não consigo transmitir meu grande amor?

Porque me olhas, vendo em mim erva daninha?

Foges de mim, como se eu fosse um veneno,

Foges de mim embalde, em rude vilipêndio.

Foges de mim, como a fumaça do incêndio,

Foges de mim, como o mendigo do sereno.

E vais fugindo, e vais sofrendo a vida afora!

É tão funesto o teu senso inimigo,

Que ergui-me forte, a tristeza não vigora.

Em vãs blasfêmias, encontraste o teu abrigo,

A paz me ama, me venera e diz-me agora:

- Na tua mente, vou andar sempre contigo.

Valério Márcio
Enviado por Valério Márcio em 28/05/2007
Reeditado em 14/03/2022
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