O TODO E A METADE

Quando se pensa em divisão: se pensa em parte, em fração.

Quando se pensa em relação: se pensa em vida, em junção.

Quando se pensa em separação: se pensa em intermináveis

dias e noitadas, em pensamentos disjuntos e inimagináveis.

Quando se pensa em esperança: nasce o mais sublime ardor

do coração; o sentimento de êxtase, de gozo, de alucinação,

de sincronização muscular e arterial, da ofegância, do amor.

Nasce o apetite insaciável do prazer e da sublime explosão.

Quando se pensa em sofreguidão, em dor, em transposição

de limites: se pensa em superação, em domínio do ultraje,

em desbancar os vitupérios, abrandar a lida, a vida, a ação.

Quando se pensa em vitória: surgem sorrisos, a felicidade,

a utopia de que tudo vale a pena tentar, até pedir para Deus

que assopre em meu ouvido, “vou levar-te tua cara-metade”.

PS: ESTE SONETO FOGE À ESTRUTURA CONVENCIONAL PRECONIZADA NA TEORIA LITERÁRIA.