SEM UTOPIA...
Num mundo no qual se vale o que se tem,
No qual a forma aceita seja a externa,
E amor seja mera poesia sem alma terna,
Se desprovido de bens não seja ninguém.
No qual se gere a ideia do físico ter,
Como se essência fosse pura mentira,
Neste no qual o vil sem razão se atira,
Dispenso-me do desejo dele ser.
Nele sou passagem, sou efêmera alma,
Fantasma que vive sem paz e sem calma,
Apenas uma criatura que espera e expia.
Desejando que Deus sua mão dê a palma,
Livrando-me desta cruel res, meu trauma,
Nascendo no amor concreto, sem utopia.