Germinar

A solidão é sempre algum canteiro;

A inspiração é luz que ali penetra.

Por onde o verso brota alvissareiro,

Nos lábios perturbados do poeta.

Silêncio é o competente jardineiro,

Que cuida, poda, rega e desinfeta.

A emoção: adubo costumeiro,

Que tanto contradiz quanto empeteca.

Quer seja a planta bela ou mero fungo

Da incauta erva-daninha a flor sincera;

É tudo a mesma terra, o mesmo mundo.

A solidão onde o silêncio impera,

Transforma o solo pobre em chão fecundo,

Onde a palavra brota e se revela...

Hélio Cabral Filho
Enviado por Hélio Cabral Filho em 05/11/2014
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