Germinar
A solidão é sempre algum canteiro;
A inspiração é luz que ali penetra.
Por onde o verso brota alvissareiro,
Nos lábios perturbados do poeta.
Silêncio é o competente jardineiro,
Que cuida, poda, rega e desinfeta.
A emoção: adubo costumeiro,
Que tanto contradiz quanto empeteca.
Quer seja a planta bela ou mero fungo
Da incauta erva-daninha a flor sincera;
É tudo a mesma terra, o mesmo mundo.
A solidão onde o silêncio impera,
Transforma o solo pobre em chão fecundo,
Onde a palavra brota e se revela...