SONETO OUTONAL
Gotas de água deslizam nas janelas
E o vento agita as folhas no arvoredo
Que vão caindo tristes, em segredo
A denunciar as penas dentro delas.
As aves, ainda ontem sentinelas
Cantando ao desafio de manhã cedo,
Abrigam-se por hoje entre o vinhedo
Esperando que o sol chame por elas.
Também eu, com as penas engelhadas
Num fim de tarde muito denegrido,
Trauteio as minhas ânsias em baladas.
Compondo este soneto desvalido
Com as ideias meio emparedadas
Não oiço deste outono o seu ruído…
Mas cá dentro de mim, em sinfonia,
Sinto porém um disperso alarido
Com sonhos e emoções em sintonia.
Frassino Machado
In MUSA VIAJANTE