O FIM
Nasci num mundo horrível e de leis
Impostas como condições de vida,
Caminho como quem anda aos papéis
Sem qualquer paraíso de guarida.
E assim sou confrontado de cruéis
Marcas de atroz destino, e de perdida
Alma, só retratada nos pinceis
Que me pintam a face adormecida!
E não sinto alegria no sorriso
Da terra que me irá então cobrir,
Como anseio de morte que preciso...
Resta-me só o tempo que há-de vir
De inferno no lugar do paraíso,
Que o mundo me verá, enfim, partir.
Ângelo Augusto