A um retrato
Aquele retrato dependurado na parede
Representa um tempo que não vivi.
Desperta em mim sentimentos que não senti.
É água que não pode matar a minha sede.
Ah, quem dera fosse tudo diferente,
Se o destino seguisse outro norte;
Eu não padeceria dessa falta de sorte,
Não sentiria essa dor tão pungente.
À noite, os meus sonhos são apenas conjecturas
De uma realidade que nunca foi minha;
São alternâncias: uma alegra, outra espezinha.
Mas, como está posto nas Sagradas Escrituras:
“Não cai uma folha que não seja da vontade do Pai”.
Assim, resigno-me. A minha recordação se esvai.