BRUMA
Fazer poemas, numa tarde fria,
enquanto a bruma vai pelos quintais
e uma rolinha com tristeza pia,
como a chamar os pares ancestrais.
Não prescindir da luz que o sol envia,
pois talvez hoje eu já não tenha mais
o que me aquece, a tua companhia,
só por falar de assuntos mais banais.
Nesse langor, deixar tudo que negue,
junto a lareira apenas ver entregue
o tal romance; o livro é mais um traste,
mero descaso... Não o terminaste!
E quanto à flor? Já pende em sua haste,
pois é desimportante que se a regue.
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