DESCRENÇA

Arfante, exaurido, pisando em agulhas

com muito capricho fincadas nos trilhos

em que anda assustado a fugir de fagulhas

lançadas do céu de maléficos brilhos.

Ah, tanto o estremecem ardentes centelhas

de estrelas bravias queimando os orvalhos

da essência; que caem de vesgo, de esguelhas

na sua existência, baú de retalhos.

Porque desistiu, entregou-se ao domínio

da seca descrença cravando o extermínio

do brio ensebado de pútridos barros.

Agora lhe restam escuros de insônias

de quem lacerou-se nas sortes errôneas,

só tendo, da vida, porradas e escarros.