Desejos

Dizer-te, amor, não sei, onde começa e finda
o meu desejo audaz, que assim me tira o tino,
que flui sem cessar, um rio cristalino,
e emerge em minha tez com tanta força infinda.
 
E fico a te esperar – a tarde está tão linda -
e me encontrar na foz, do corpo teu, menino,
pousar, na morna tez, meu beijo mais ferino,
aquele que guardei  e não te dei ainda.
 
E dentro, em ti, buscar, peixinhos em cardumes,
ouvir, da rouca voz, gemidos e queixumes,
o coração, feliz, a palpitar no peito.
 
E mergulhar, enfim, nas fontes dos desejos,
nas ondas do prazer, que não conhece pejos,
e renascer de ti na areia de teu leito.
 
Brasília, 22 de Outubro de 2014.

Absinto e Mel, pg. 39
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 22/10/2014
Reeditado em 05/08/2020
Código do texto: T5008068
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