Amargo Peso
Amargo Peso
(Soneto)
Destrói-me… este viver desconhecido,
Por ser só de surpresa e de imprevisto.
Por me mostrar aos poucos como existo,
Nada por mim deixar ser decidido.
Destrói-me… esta vereda em que eu insisto;
Este apedrejamento enfurecido,
Do Homem, capitão que é conduzido
Pelos seus capatazes Anti-Cristo!
Destrói-me sim, a infâmia, o sujo gozo!
Esta prisão de solto estar-se preso,
Este mau veredicto indecoroso!
Doem-me as mãos, os pés, o corpo ileso.
O infindo badalar sempre frondoso,
Que na lembrança lembra o amargo peso!
André Rodrigues 21/10/2014