SONETO DA IMITAÇÃO DA LUA
Apareceu o prefeito em minha rua
E eu lhe falei: ó grande autoridade!
Vede que bela imitação da lua,
Como tantas que ornamentam a cidade.
Esse buraco, a chuva vem enchê-lo
De água, que, ao se misturar co’ o barro,
Torna-se um caudal, já com cabedelo,
Turbilhão tão forte, que engole um carro.
No inverno, é balneário de ratos,
No verão, é berçário de mosquitos,
Passarela de manequins fecais.
Tenso o prefeito, defronte dos fatos,
Passou a falar verbos esquisitos,
Mas, no meu bairro, voltou? Nunca mais.