Matando o Tempo
(Soneto Alexandrino misto de grave, agudo e trímetro)
Quem dá tempo ao seu tempo, pode, certamente,
com o tempo, se dar mal, não tendo, talvez,
quando decidir, nem mais tempo suficiente
para temporizar e, então, surtar de vez!
Tempestivo e fatal, o tempo está presente
e sem tempo algum, sem nenhuma solidez,
passa cheio de si, com ar de indiferente
com quem só culpa o tempo pelo que não fez!
Nesse entretempo temporal, tomo o meu tempo,
a destempo quiçá, por mero passatempo,
mesmo que um contratempo assurja de repente!
Na vida é bem assim, soa até como afronta,
pois, o tempo, a qualquer tempo, nunca faz conta,
só desconta de quem não vive intensamente!