QUADRO MORTO

Triste eu o vejo. Ele inerte ineficiente.

Posto sobre uma mesa de madeira.

Mesa coberta co’uma toalha à frente

Mostrando a imagem na sobranceira.

Quieto e calado fito pela beira

Como que ninguém vê? – Nem mesmo o sente.

Triste figura. Não tem choradeira.

Vivo então? – Se dão como um ausente!...

Frutas. Litros de vinho. Pinceladas.

Buquê de flores com traços tortos.

Tintas espalhadas. Formas caladas.

Todos feitos a esmos com exorto

Na obra de um pintor sem fama e sem nada

Inspirado dentro de um quadro morto...

(reeditado.)