ELA

Ela transita entre a sala
e a cozinha. Queria-a no quarto.
Delicada, flutua, não fala.
Ao fluir do medo quase a descarto.

Observo-a em meio-olhares,
imagino versos, mas não rimo:
é desejo, não poesia! Nos lugares
em que ela passa quase desanimo.

Pela casa toda é o cheiro dela,
que se confunde com o perfume
da manhã nos lençóis e aquela

inconfundível essência de pele.
Brincamos despedidas. Ao ciúme,
um brinde. E que a vida nos revele!