Ódio
Sinto saudades do que nunca fui,
Quero despojar-me do que tenho,
E por vezes, asfixiar com desdenho,
A ganância que me prostitui.
Quero nadar nos buracos do solo,
Quero matar todo o cinzento,
Pintar de trevas, cobrir-me de cimento,
Quero enforcar-me no teu colo.
Um dia, eu fui assim,
Olhei um passado que nunca vivi,
Que me deixou sozinho em mim.
Memórias de que existi,
Algures no vazio. Num Fim.
Mas certezas de que morri.