INÉRCIA
Olhos d'água, cabelos de medusa,
Cortes profundos na esperança fraca,
Anseio da minh'alma tão cunfusa,
Tristeza, que entre tantas se destaca...
Ainda a traição de mim abusa,
Crava em meu peito a mesma diária estaca,
Eu amo tanto o Amor que não mais se usa,
Idéia que do peito não se saca...
E assim, pensando com o coração,
Relevo quem soltou a minha mão
Na beira deste abismo já vulgar.
No fundo toda gente é assim covarde,
Parte mais cedo o que encontramos tarde,
Esquecendo o caminho de voltar...