Após mais uma morte
O sol dourado no meu seio pousa,
E mesmo assim sinto cansaço e frio.
Pelo meu corpo corre um arrepio,
É que me encontro hirto numa lousa.
Minhas memórias lembram qualquer cousa,
Que me distraem como um manso rio;
Até consigo disfarçar... Sorrio,
Mas a tristeza sempre em mim repousa.
Vejo as pessoas pelos corredores,
Oram sinceras, depositam flores
E em vão procuram vida nos caixões.
Depois, chorando, tentam ir embora
E eu me pergunto: como fico agora,
Vendo os velórios desses corações?