O Espantalho
Camisa suja, calça rasgada e disforme
Lá está ele, miserável e sem sorte,
Serve apenas como servo, conforme
O fizeram crer que era menos que germe.
Excluído da sociedade, o pobre verme
Resiste, cai, levanta e se mostra forte,
Evita caminhar por onde caminha a morte,
Mas ela sempre surge com seu olhar firme.
Sempre com a mesma função, espanta a todos.
Já tem o corpo quase coberto de lodo
Sofre, grita, clama, mas não há quem vêm.
Oh, que lágrima é esta que corre em teu rosto?
Ah, agora entendo, é a soma do desgosto
De ter nascido homem e morrido ninguém.