COMPREI UMA PROSTITUTA

Hoje comprei uma prostituta.
Venci preconceitos e a comprei.
Ela veio doce, feliz, sem disputa.
Foi competente ao preço que paguei.

Não precisei dizer que a amava
e, ainda assim, ela foi delicada
e atenciosa. Bem menos que escrava
pretensa, livre deu-se por dada.

Ao acordar, apalpei o lado da cama
onde ela dormiu e percebi a ausência.
Revivi, então, o mesmo drama:

todas, um dia, por fim, partem.
E eu fico a remoer a antiga demência
de me doer dores que não cabem.