PARTILHAR DE POROS
Pelos jardins de colorido outubro,
por entre flores, apanhando amoras,
tingindo lábios com seu sumo rubro,
degustam dúlcido sabor das horas.
No inabalável partilhar dos poros,
ordenam, deuses, que o prazer encubra
os gritos surdos e seus vãos sonoros
do mundo e após, que a mansidão descubra.
Na simbiose que a paixão proclama,
harmonizado na irmanada essência,
o par prossegue, a alimentar de si.
Mas que implacável, esse tempo-chama!
Ah, sobre as cinzas do jardim vivência,
o par secou, findou, morreu de si.