Restos de um coração

Escuta-se pela fria noite nevoenta

onde meu velho coração se toma por abrigo,

o som de passos e de um gonzo retinido,

e rangem tábuas de que o musgo se alimenta.

Se por acaso algum dia andar perdido,

não faça sua pousada nessa ruína turbulenta;

e ouvindo ao longe o pio de uma ave agourenta

detenha-se em prece no cruzeiro apodrecido.

Chamado pelo destino for abrir a porta

e conhecer o que restou dessa morada,

em profunda dor te prostrarás exangue.

Fugirias, com certeza, pela estrada morta,

pois verias o sonho e a esperança decepada

e o amor em meio à hera sufocado em sangue.

Chaplin
Enviado por Chaplin em 23/05/2007
Reeditado em 29/06/2007
Código do texto: T498030