NÃO MAL DIGA

Não! Não mal diga o mundo, infeliz carcaça que anda!

Sorridente ali está, faminto, o abismo que o alcança,

Quando os dentes do labirinto mastigar a tua carne

Não mal diga contra a antiguidade que era charme!

Fez do mundo uma profissão ilustremente de escarnio

Com lindos sapatos de vidro, couro, diamante, eu acho!

Por isso, não mal diga, pois o futuro terá você em cova,

Então os vermes farão de tua branca carne simples escória

E, desdenhado com sorrisos vis, o que antes aflorava,

Corroerão o teu tronco, tua cabeça, a morada de imaginação

Complexa de destinos irremediáveis, a tua adoração,

Como os loucos, os beatos prosseguindo em comunhão,

Irá ao grande rio ondulante do tédio, o que o afoga!

Por isso! Não mal diga! Nada será, futuramente, o que sonhava!