"SER
Ilka Vieira...
Ilka Vieira...
Amadureci descobrindo que não posso ser uma única pessoa, porque não posso ser a mesma pessoa em todos os momentos...
Preciso ser o que a vida me permite sem que eu regrida na dignidade, na sensibilidade e na sabedoria.
Já não me cobro tanto e abraço meus pequenos defeitos, porque preciso deles para que eu faça parte da humanidade.
Sei que me comporto como exagerada, porque reajo com MUITO para tudo. Sinto muito calor ou muito frio; sinto muita melancolia ou muita alegria; sinto muito amor ou total indiferença; lembro-me de tudo ou de nada (jamais me recordo vagamente...).
Meus passos são largos, muito apressados ou então não saio do lugar, porque não sei caminhar lentamente...
Falo muito baixo ou grito, porque regulo o tom da minha voz através do tom de quem estou ouvindo... de quem estou apreciando ou está me incomodando. Reajo ao silencio do meu ouvinte com um tom muito alto ou com o próprio silencio como resposta.
Tudo em mim é muito intenso, porque não sei lidar com a minha intensidade de querer acertar.
Canso-me de SER... de não SER mais... ou de voltar a SER. Temo me perder... depois, temo me achar sem mais me querer...
Incomoda-me SER cíclica: numa temporada quero tudo por perto e bem perto (família, amigos, grandes amores...). Em outra temporada, quero tudo bem longe, inclusive Eu de mim mesma.
Imaturidade? Despersonalidade? NÃO, Não, não... não sei! Mas é preciso ter maturidade para se ver como verdadeiramente se é!
É preciso ter personalidade para permitir-se despersonalizar diante das exigências da vida!
É preciso ter calma até para ter calma... é preciso aceitar que o sorrir pode ser um carinho ao impedimento de chorar...
Sou Ilka Vieira, mas sou tantas Ilkas também... sou Ilka sem ser ILKA e sou Ilka sem certeza se e de onde advém...
Preciso ser o que a vida me permite sem que eu regrida na dignidade, na sensibilidade e na sabedoria.
Já não me cobro tanto e abraço meus pequenos defeitos, porque preciso deles para que eu faça parte da humanidade.
Sei que me comporto como exagerada, porque reajo com MUITO para tudo. Sinto muito calor ou muito frio; sinto muita melancolia ou muita alegria; sinto muito amor ou total indiferença; lembro-me de tudo ou de nada (jamais me recordo vagamente...).
Meus passos são largos, muito apressados ou então não saio do lugar, porque não sei caminhar lentamente...
Falo muito baixo ou grito, porque regulo o tom da minha voz através do tom de quem estou ouvindo... de quem estou apreciando ou está me incomodando. Reajo ao silencio do meu ouvinte com um tom muito alto ou com o próprio silencio como resposta.
Tudo em mim é muito intenso, porque não sei lidar com a minha intensidade de querer acertar.
Canso-me de SER... de não SER mais... ou de voltar a SER. Temo me perder... depois, temo me achar sem mais me querer...
Incomoda-me SER cíclica: numa temporada quero tudo por perto e bem perto (família, amigos, grandes amores...). Em outra temporada, quero tudo bem longe, inclusive Eu de mim mesma.
Imaturidade? Despersonalidade? NÃO, Não, não... não sei! Mas é preciso ter maturidade para se ver como verdadeiramente se é!
É preciso ter personalidade para permitir-se despersonalizar diante das exigências da vida!
É preciso ter calma até para ter calma... é preciso aceitar que o sorrir pode ser um carinho ao impedimento de chorar...
Sou Ilka Vieira, mas sou tantas Ilkas também... sou Ilka sem ser ILKA e sou Ilka sem certeza se e de onde advém...
Mas, pra quem não teme a franqueza
de quem se confessa nu e imperfeito,
mergulhe na minha alma com inteireza,
sou Ilka Vieira sem questão de sujeito."
de quem se confessa nu e imperfeito,
mergulhe na minha alma com inteireza,
sou Ilka Vieira sem questão de sujeito."
************
Infelizmente, só vim a conhecer a poeta Ilka Vieira, após ser sabedor de sua morte, agora em setembro. Através do Google lí um pouco de seu trabalho poético, inclusive esse seu senso de "SER" - base da homenagem póstuma que a ela presto neste soneto, "A ESTRELA ILKA VIEIRA".
A ESTRELA ILKA VIEIRA
Odir Milanez
Ela foi franca, frágil e firme, vida afora,
foi poeta e prosista, à parte ou por inteira,
foi a Ilka daqui, das Ilkas lá de fora,
foi una e pluralista em veste verdadeira.
Dizia-se excessiva em tudo, muito embora
às vezes reclamasse o intenso da canseira
na busca do amanhã, após vencer o agora
e as mutações de ser, no jeito ou na maneira.
Foi silêncio, foi grito, calma, tudo ou nada.
Foi alegre, foi triste, amiga e companheira,
foi franca e destemida, estranha e apaixonada.
Quando a morte entoou-lhe a lira derradeira,
foi em busca da luz. Após iluminada,
metamorfoseou-se estrela, Ilka Vieira!
JPessoa/PB
22.09.2014
oklima
******
Sou somente um escriba
que escuta a voz do vento
e versa versos tristes....
Para ouvir a música, acesse:
http://www.oklima.net