A TELA DA ALMA
Se eu pintasse a tristeza desta vida
Numa tela, a cor negra já seria
A dominante, em falta de alegria,
No pranto de esperança adormecida!
A tela assim teria a tal sofrida
Face minha, de vida em sintonia
Com os pecados da minha rebeldia
E os anseios da alma nunca ouvida.
Os olhos meus só têm os desencantos
Das minhas cinzas, vindas desta terra,
Na qual caminho sem a leda sorte.
Pois os cansaços já são mesmo tantos,
E a luta mais parece ser a guerra
Entre o meu grande sonho e a minha morte!
Ângelo Augusto