SONETO DA CONFIDÊNCIA

Ah, apresentai-me a árdua solidão

Que pertence ao teu olhar triste de poeta;

Feri-me com tua certeira seta,

E envenenai-me o infausto coração!

Atentai para a minha servidão

Por tua alma atrativa e inquieta;

Fustigai-me com tua pele discreta

Em meu recanto de escravidão!

Sangrai-me a boca com teus torvos beijos;

Corrompei a minha carne com desejos,

Os mais revoltos e loucos possíveis!...

Tomai-me, ó Poeta, por Musa e amante,

Por Vênus, messalina e por bacante,

Em teus soberbos versos indizíveis!