ESPERAS

A carência que rói no momento presente

amanhã se transforma ao ondeio aflitivo

do desejo senhor do sentido da gente

esperando se altere, imediato, o atrativo.

Nesta roda empenada a rolar doidamente,

na batalha ferrenha e mortal de estar vivo,

vaga a humana existência em permuta insistente,

à procura de um novo horizonte, um motivo.

Que dorido viver amarrado em esperas,

não sentir num inverno o prazer do aconchego,

por dormir toda noite a sonhar primaveras.

Bom seria romper as algemas do apego,

avistar num instante invisíveis quimeras

e acordar todo dia abraçado ao sossego.